O Projeto Oficinas de Criação para a Terceira Idade na Síndrome de Down
O que muda em uma sociedade jovem que começa a envelhecer rapidamente? Que mecanismos e efeitos sua nova dinâmica produz? Ou, ao contrário, que efeitos sua estrutura dinâmica produz em sua classe social?
O processo biológico do envelhecimento é cercado de determinantes sociais que imprimem marcas, características decisivas, peculiares a cada sociedade, a cada momento histórico da mesma sociedade, a cada classe, grupo étnico, de parentesco etc. Por isso mesmo somos levados a concluir que velhice e envelhecimento são socialmente construídos.
Em nosso trabalho o referencial biológico é bem específico – estamos falando de portadores da Síndrome de Down – que já são marcados em sua singularidade corporal por um traço que os identifica
O envelhecimento é da matéria. A subjetividade é tempo. Memória é ação. Ação da palavra, da linguagem – é a possibilidade de narrar fatos e a possibilidade de reconstruí-lo. E para isso há de se estar na vida – de olho na vida! E... para ser um sujeito saudável, é preciso ser participativo, ativo, cheio de vida e capaz de aprender, pois uma vida longa pode conter oportunidades de crescimento, aventura, sabedoria, experiência e amor. Um sujeito idoso é uma pessoa que continua crescendo, aprendendo e que tem potencial, busca alegria, prazer e que seu direito inato a esses dons na vida permanece inalterado.
Chamamos de oficina um espaço de criação. As várias modalidades existentes de trabalho em oficinas tanto individualmente como em grupo, facilitam a comunicação e o encontro entre o profissional e o aluno. O objetivo primordial do trabalho é favorecer o crescimento emocional de todos os envolvidos. Ter saúde é poder exercer uma atividade criativa na relação com o mundo.
Bertine Carlos Bezerra
Mãe do Leo, Julio, Rafael, Joana e avó da Vitória, Luiza e Helena.
